tanto em tão pouco
- Marta d'Orey
- 18 de jan. de 2015
- 2 min de leitura
Pediram-me que, em responsabilidade de finalista, resumisse tudo em 200 palavras. Acontece que quando se olha para trás, quando se percorre o tempo de doze anos numa vida, percebe-se que este tudo é tanto E, assim, enquanto as palavras esvoaçavam pelo papel, abaixo do título "Testemunho", dei por mim, ao rumo das quinhentas.
200 não chegam para 5 anos, 45 meses, 1350 dias, e 32400 horas.
Não cabem neles as manhãs sonolentas e melancólicas, que se erguiam antes do sol, nem os dias arrastados em aulas demasiado longas para os intervalos incrivelmente pequenos.
Há muito mais do que isso em cada mensagem lida em cada Bom Dia; nos passos dados ao ritmo dos bips, que corriam mais depressa do que nós;
na fila interminável de “giros” que rondavam o bar e os seus pães com chouriço;
nas vezes em que falávamos mais alto do que os livros da biblioteca, para depois ser arrastados pelo braço, para lá das portas de vidro, sem nunca perder o orgulho no que acreditávamos ser o ato mais heroico do 6º ano;
nos puxões de orelhas daqueles que puxavam mais por nós do que nós mesmos;
nos testes preenchidos na ânsia de virem a ser riscados no calendário;
nas vezes em que o nosso nome foi dito de cor, só porque pedimos a borracha ao colega de trás, ou porque temos os pés na cadeira do da frente;
no que era aprendido de cor, e no que só o tempo ensinava;
no bocadinho que recebido de cada amigo, dado em gargalhadas despropositadas e abraços apertados;
no nervoso tão miudinho como expectante, dos primeiros dias de aulas, e nas emoções confundidas entre o entusiamo e a saudade antecipada dos últimos.
200 é um número pequeno, para esta parte de mim, que de grande tanto tem.
Obrigada, Salesianos :).

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