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NO COMBOIO

  • Foto do escritor: Marta d'Orey
    Marta d'Orey
  • 29 de jan. de 2016
  • 1 min de leitura

Aqui a proximidade não faz tremer, e as conversas são feitas sem tento na língua e nos gestos. Não saber uma cara não significa que não se pode passar a conhecer, e o diálogo não é travado pelos limites que a desconfiança impõe. Este senhor, de gorro mal encaixado e nariz avermelhado pelo frio que congelava as ruas, guiou-me de volta ao meu caminho, quando andava de um lado para o outro, tal e qual a mais tonta das baratas. Sentou-se ao meu lado no autocarro e explicou-me qual seria o roteiro a percorrer. Esperou comigo o comboio, e conversou enquanto os carris não oscilavam a chegada das carruagens. Disse-me que estava a trabalhar num projecto que contava com todo o seu investimento em suor e em dinheiro; que gostava de ir a Portugal um dia, e cheirar a maresia que banha Lisboa. Comentou que no meu sotaque não se fazia notar o sangue estrangeiro, e que eu era preguiçosa porque não queria subir as escadas que levavam à plataforma. Deu-se a conhecer, e fez-me querer dar-me a mim, de volta. No fim, despedimos-nos com um "passou-bem", e eu perguntei-lhe se podia tirar uma fotografia, ao que ele me respondeu: "You shouldn't do that...". Ignorei-lhe a timidez e pressionei botão da máquina que me pendia ao pescoço. Com um clique retratei-lhe a gentileza, a disposição, e os quinze minutos que se descobriu e se fez descobrir num comboio que percorria Londres numa manhã gelada de quinta-feira.


 
 
 

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